sábado, 7 de maio de 2016

Radar do Vinho: Mãos (R4 Vinhos)

R4 vinhos trata-se de um projecto familiar, com sede em Mesão Frio, no Baixo Corgo, embora com propriedades espalhados por sete quintas na Região Demarcada do Douro, que totalizam cerca de 150 hectares, tendo lançado  o primeiro vinho apenas em finais de 2011.


Projecto de facto de cariz totalmente familiar, pois os 4 irmãos que encabeçam o projecto, decidiram dar continuidade ao legado do seu pai, que produzia vinho maioritariamente para consumo próprio, criando assim uma empresa produtora de vinhos, na região Duriense. São eles Roberto, Ricardo, Rafael e Rudolfo, respectivamente com 33, 29, 26 e 23 anos. Todos eles com o primeiro nome começado por "R", daí o nome adoptado de R4 Vinhos. Os 4 IRMÃOS deram as MÃOS em prole da continuidade e expansão do projecto familiar e assim naturalmente nasceram as marcas Irmãos e Mãos, em analogia ao trabalho laborioso dos vinhedos à garrafa, ao conceito que norteia a constituição da empresa familiar e de mãos dadas rumo ao futuro e à excelência.


Os vinhos de entrada encontram-se sob a marca Irmãos - Rosé, Branco e Tinto. São vinhos competentes a rondar os 5€. Na gama Mãos, para além dos brancos e tintos, colheita e reserva, os 4 irmãos pretendem agitar um pouco as mentalidades e cada um faz o seu próprio vinho, designado de signature. São vinhos de produção muito reduzida, quase como que ensaios na busca de um determinado perfil que pode resultar melhor ou menos bem. Há pelo menos a procura de fazer diferente. E por vezes o diferente é muito bom.  Para já:  um 100% Tinta Roriz; um 100% encruzado... sim, a casta branca rainha do Dão plantada no Douro e um 100% Cerceal.

Foto: Gasrrafeira 5 Estrelas
Segundo Rafael, o seu pai adorava brancos e apesar de o portfolio ir crescendo, para uma gama abrangente de vinhos, há aqui uma diferença para muitos outros produtores da região - uma aposta clara nos brancos. E são tão bons. O Reserva branco, neste momento é de 2011.... e está delicioso, evoluido, fresco e gordo. Grande final. Muito bom. Destaque igualmente para o branco 100%  feito da uva Códega de Larinho, fora do baralho, diria que em comparação no Douro, está como o Avesso para a Covela, isto é, muito elegante e fino e muito viciante;

Todos são vinhos gastronómicos, de carácter duriense, mas com um certo toque de modernidade, elegância e de risco, que faz deste projecto, algo de diferente. Vinhos consistentes e que pelo inconformismo e vontade de inovar dos 4 irmãos, seguramente vão dar cartas (já estão a dar). Neste momento, a exportação é o principal destino. Em Portugal, para já apostam na restauração, mas não tenho dúvidas que a curto prazo, se vai ouvir falar destes vinhos em todo o país.

Só para finalizar, fica-me na memória a história que Rafael me contou sobre a influência do patriarca no projecto: "O meu pai era médico e tinha horários muito complicados. Por vezes chegava depois da meia-noite para jantar... Ele pegava num copo GRANDE, mesmo grande, enchia-o de um vinho nosso, sobretudo branco e sentia-se a relaxar...Ah, que bom!. É isso que pretendemos replicar".

Ver em garrafa um produto de excelência oriundo das suas parcelas.

Sèrgio Lopes




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